Vila Califórnia, São Paulo - SP
1. Informações mais importantes sobre Vila Califórnia
Vila Califórnia é atualmente um bairro do distrito de Vila Prudente, na cidade de São Paulo. Nos idos do ano de 1800 a região pertencia ao Mosteiro de São Bento, aquele que está no centro de São Paulo. A região compreendia toda a área atual cidade de São Caetano do Sul, a Vila Carioca, a Vila Alpina, Baixada da Vila Bela e a Vila Califórnia. Os monges produziam frutas e legumes, os quais eram transportados em barcos através do Rio Tamanduateí até o Porto Geral, que atualmente é o Parque Dom Pedro. Uma das ladeiras que desce do platô da Sé tem o nome de Ladeira Porto Geral e é um registro daqueles tempos. A cidade de São Paulo era pequena, resumia-se à região compreendida pela Sé, parte da Liberdade e da Bela Vista. Para se chegar à São Caetano o caminho era através do atual bairro da Liberdade para se chegar ao Cambuci até o Morro do Piolho, parte mais alta da cidade e próximo ao Ipiranga. Do Ipiranga chegava-se ao Sacomã e ao começo da Estrada das Lágrimas. Chama-se assim porque os parentes acompanhavam os viajantes que iam a Santos tomar o navio que os levaria a Portugal. A despedida era sob a sombra da Árvore das Lágrimas, ainda preservada. Através da Estrada das Lágrimas chega-se a São Caetano, cujo nome era Sitio do Tijucuçú, que quer dizer sitio onde há muito barro, muita lama preta, pois o território do sitio é um triângulo cujo vértice é a confluência do Rio Tamanduateí com o Rio dos Meninos. Para se chegar a São Caetano era preciso passar por muitas várzeas. Após chegar em São Caetano a Estrada das lágrimas se ligava à Estrada do Caminho do Mar, que descia a Serra pelo caminho antigo. A Anchieta veio muito tempo depois. Os monges mantinham negros e índios trabalhando no Sitio e alguns deles tiveram filhos com as escravas e passaram a protegê-los. A língua falada era uma mescla da língua indígena com a portuguesa e ainda acrescida de palavras utilizadas pelos escravos. O lugar onde o sítio estava instalado, o assentamento, digamos assim, era no atual Bairro da Fundação, que fica às margens do Rio Tamanduateí. Do outro lado do rio, está a baixada da Vila Prudente seguida da Vila Bela, Vila Alpina e Vila Califórnia. Portanto, estas vilas ficam mais próximas da sede do sítio, da Fundação, do que os outros bairros de São Caetano. O Rio Tamanduateí, que eu conheci e onde eu brinquei e nadei, era navegável a partir da Vila Califórnia. À montante o rio tinha uma pequena queda d'água e esta era antecedida por uma corredeira sobre lajes de pedra, impossível de navegar. Neste ponto do rio ficava a antiga Mecânica Geral e hoje, 2020, está instalado o Supermercado Carrefour. Às margens do rio ficavam extensas várzeas, piscosas e depois delas uma floresta atlântica maravilhosa. Lá no topo da Vila Califórnia, topo da atual Rua Francisco Rebelo, nos anos cinquenta, havia ainda mata fechada e ingazeiros gigantes. Eu subi neles. De lá se avistava uma bela imagem da mata atlântica cobrindo toda a região de Utinga à direita e a região da Sapopemba à esquerda. O terreno onde meu avô construiu uma casa era o de uma antiga olaria. Olaria que não consegui identificar. Pode ter sido dos monges ou dos imigrantes italianos que vieram depois. O governo federal, após o fim da escravidão, resolveu trazer imigrantes e negociou a compra da região de São Caetano com os monges do São Bento. Por volta de 1870 começaram a chegar os italianos e cada família ganhou um lote de terra. As famílias cujos lotes ficaram próximos da futura Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, chamada de a Inglesa, ficaram ricos. Os que tomaram posse nos bairro distantes passaram por dificuldades e muitos deles venderam seus lotes depois de explorarem a madeira, que vendiam para as olarias. Os italianos exploraram toda a madeira da mata atlântica para servirem os fornos de cerâmica e carvão, produtos que eram exportados para as demais regiões de São Paulo. O platô da Vila Califórnia onde o bairro nasceu fica a seiscentos metros do rio, cerca de cinquenta metros metros acima. A venda principal, que fornecia toda a sorte de mantimentos para a vila era a do Seu Pantaleão. A outra era a do Seu Jorge. A vila ganhou uma escola, cujo diretor era um negro. Não havia preconceito nesta época. A escola ficava na Rua Francisco Rebelo e dava fundos para o quintal da primeira casa do meu avô na Rua Baltar. Eu subia nos pés de ameixa e via a criançada brincar no recreio. Também via as crianças chegarem, formarem filas, cantarem o Hino e ouvirem as recomendações do diretor, o qual também gostava de declamar poesias e escalava as crianças para declamar nos dias festivos e comemorativos. O núcleo da Vila também tinha a farmácia do Seu Júlio, que era farmacêutico e cuidava dos moradores, fazia curativos, aplicava injeções, orientava a gente. Ao lado da farmácia um bar enorme, muito bem instalado e com dois campos de bocha nos fundos. Na esquina oposta uma padaria e um armarinho com tudo que as donas de casa e costureiras precisavam. Nesta época as famílias costuravam em casa. Tempos depois surgiu uma escola de datilografia. Em frente da Escola havia um depósito de material de construção e o Clube Atlético Califórnia. O Clube tinha um salão de baile onde também aconteciam as festas de casamento. O Clube de futebol tinha seu campo na várzea, próximo do rio. O Rio foi ficando poluído pelas águas das industrias de Santo André e de São Caetano, mas os córregos que desciam das encostas ainda tinham peixes. A Rua Francisco Rebelo somente era povoada na parte de cima. A de baixo era de várzeas até que o pai do Antonio Ermírio, sócio da Cia Votorantim, colocou os tratores para derrubar a mata, cortar os morros e levar a terra para aterrar as várzeas. Aterrou tudo e loteou. As pessoas construíram suas casas, pois era perto da estação de trem, mas suas casas começaram a afundar no barro do aterro. A companhia cobria as ruas da região aterrada com borra da Mecânica Geral para evitar a lama e impedir a erosão, mas com isto elevava o nível da rua e as casas ficavam alagadas. Depois de alguns anos, quem não reformou a casa, chegou a ter a janela da casa no mesmo nível da rua. No platô, na parte de cima, onde a Vila Nasceu, os terrenos eram de dez metros por cinquenta. Nos aterros, os terrenos comprados por pessoas pobres eram divididos e cada um ficava com apenas cinco metros de frente. As casas tinham jardim na frente e quintal com verduras, frutas e galinhas nos fundos. A criançada brincava na rua. A maioria dos moradores eram imigrantes italianos, seguidos dos espanhóis e dos russos e poloneses. Todos utilizavam o comércio de São Caetano. A primeira loja da Casa Bahia, ficava a apenas trezentos metros do rio e o seu dono costumava tomar sol sentada numa cadeira defronte à calçada. Os moradores da Vila também utilizavam os cartórios de São Caetano, os médicos, os dentistas, etc. Os mineiros e nordestinos começaram a chegar já perto dos anos sessenta, para trabalhar nas fábricas próximas: Industrias Matarazzo, Aços Vilares, Mecânica Geral, Moinho Santa Clara, Usina Colombina, General Motors e uma porção de outras fábricas. As famílias antigas viram seus filhos se formarem e se mudarem. Venderam ou alugaram suas casas. Com o passar do tempo a Vila deixou de ser de imigrantes, o clube fechou, o bom comércio também. A população aumentou, os jardins se transformaram em garagens e a Vila perdeu o encanto que tinha. Apesar disto é um lugar alto e aprazível, bom para se morar, perto de tudo. Vila Califórnia é um bairro no distrito de Vila Prudente, na cidade de São Paulo.
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